As cosmologias indígenas influenciam diretamente suas concepções sobre saúde, doença e cura. Para muitos povos indígenas, a saúde está ligada ao equilíbrio entre o ser humano e o mundo espiritual, e as doenças frequentemente são interpretadas como resultado de desajustes nessa relação.
Dentro das comunidades indígenas, figuras como pajés, xamãs e curandeiros são responsáveis por diagnosticar e tratar enfermidades. Estes especialistas não atuam apenas como conhecedores de ervas, mas como mediadores entre o mundo humano e o espiritual. Podem entrar em estados alterados de consciência, realizar rituais de purificação e conduzir cerimônias coletivas para restabelecer o equilíbrio.
O uso de plantas medicinais é central nas práticas tradicionais de cuidado. Esse conhecimento envolve identificação, coleta e preparo adequado de plantas, frequentemente associados a rituais específicos, pois acredita-se que o espírito da planta deva ser respeitado para que o tratamento seja eficaz.
Diferente da visão ocidental individualizada, a saúde indígena tem caráter comunitário. Quando alguém adoece, toda a comunidade participa do processo de cura através de rituais coletivos e apoio social. O fortalecimento dos laços comunitários é considerado essencial para manter a saúde coletiva.
O contato com a sociedade ocidental trouxe impactos significativos, incluindo a desvalorização de práticas tradicionais. No entanto, há experiências positivas de integração entre sistemas tradicionais e a biomedicina, especialmente através dos Agentes Indígenas de Saúde, que atuam como ponte entre esses dois universos.